“Cosmic Ray” parece uma colagem desenfreada constituída por partes que se movem rapidamente: tiras de banda-desenhada, bailarinas, luzes intermitentes. É a bailarina – com pouca roupa, a despir-se ou nua – que proporciona o leitmotiv ao filme. Ela aparece uma e outra vez, metida entre soldados, armas e até entre a morte, na forma de um crânio colocado entre as suas pernas. E se a premissa equipara sexo a destruição, o cataclismo é brilhante, tal como um foguete que estoura acabando com o mundo numa explosão cósmica. É óbvio que o título também se refere a Ray Charles cuja arte Conner transcreve visualmente para o filme como uma realidade poderosa, dura e penetrante pela sua capacidade de despertar alguns instintos animais bastante básicos. Mas se o conteúdo do filme é este – que uma grande parte do nosso comportamento é animalesco – a obra no seu todo é mais uma constatação que uma condenação. Carl Belz, Film Culture