Uma mulher regressa a Portugal com o seu filho, Tiago, depois de muitos anos fora. É o regresso a um lugar conhecido mas instável, onde o passado ainda é algo deslumbrante e aterrador. Mãe e filho tateiam a nova realidade: um apartamento a abarrotar de caixas e um futuro desconhecido numa Lisboa solar, num verão de possibilidades. Mas mãe e filho também procuram o seu lugar no mundo, alguém com quem se ligar. Tiago procura o pai, que repetidamente não lhe atende o telemóvel. A mãe encontra-se com um homem, talvez um resquício de um amor antigo. Apesar da familiaridade dos locais, os dois estão ainda perdidos. O mais recente filme de Leonor Noivo prolonga o tema de algumas das suas curtas (no festival, já mostrou “Salitre”, de 2005, e “A Cidade e o Sol”, 2012): uma espécie de paralisação existencialista das suas personagens, num vazio emocional que neste filme apenas é verbalizado pela voz ‘off’ da mãe, ao procurar dar sentido a este regresso. (DR)