A dupla João Canijo e Anabela Moreira parece estar para durar: depois do documentário “Portugal – Um Dia de Cada Vez” (2015), os realizadores regressam para uma bem-humorada curta-metragem de ficção. Prosseguindo as ideias de um realismo ‘português’, o filme segue as peripécias de uma noiva e da sua família à beira de um ataque de nervos no dia do seu casamento. A narrativa concentra-se nos momentos que antecedem a saída da noiva da sua casa, mostrando uma plêiade de personagens (entre adultos, velhos e crianças) nas trivialidades de um dia como esse: bem vestidos, solenes, mas com as idiossincrasias do seu dia-a-dia. As crianças brincam à volta da piscina, os adultos conversam à volta da mesa sobre taxistas (uma das personagens pertence a essa força laboral). Como nas experiências anteriores, este filme combina atores profissionais com pessoas “reais” (não-atores), criando um efeito de realismo quase documental. “O Dia do Meu Casamento” tem também a curiosidade de ser protagonizado por Anabela Moreira, com participações especiais da sua irmã gémea, de João Canijo e até de João Braz (o habitual montador dos filmes do cineasta). Pequena experiência de ficção – pela sua duração –, esta é uma curta-metragem onde os autores voltam a pisar os terrenos conhecidos de uma identidade cultural, prolongando uma outra experiência anterior: “É o Amor” – filme encomendado pelo Curtas Vila do Conde no seu programa Campus –, que era realizado por Canijo, com Anabela Moreira como protagonista e onde uma das cenas centrais era mesmo um casamento de habitantes das Caxinas. (DR)