Num futuro talvez não muito distante, e perante uma ameaça de extinções em massa de várias espécies, um geneticista recolhe amostras de ADN de todas as formas de vida com vista ao seu congelamento e conservação. Fazendo conviver ecologia, estranhas comunidades LGBT, laboratórios científicos retro-futuristas e paisagens exóticas (o filme foi rodado em Trindade e Tobago), Ursula Mayer cria um futuro distópico onde a tecnologia e a ciência vão a par com a mitologia e estranhos rituais que parecem ter origem em civilizações antigas, onde a forte ligação entre o homem e a natureza se faz sentir de um modo particular. Desta forma, tal como é característico do seu trabalho - em cinema, mas também fotografia, escultura ou instalação -, Mayer questiona os efeitos da tecnologia no futuro da humanidade e do meio ambiente, fazendo um comentário singular, algures entre ficção científica, biologia e tecno-ciência, sobre a nossa era de profundas alterações sociais, geopolíticas e económicas, cuja complexidade coloca em causa o seu próprio controle pelos seres humanos. Nos seus filmes, a experimentação formal e a materialidade do suporte (película) surgem ainda a par de temáticas queer e questões de género. (MD)