Uma experiência sensorial para além das expetativas mais comuns do público de cinema, esta obra é composta por sequências de imagens abstratas, fluidas e de cores puras em absoluta saturação, resultantes de experiências óticas sobre a refração da luz. O título sugere a adaptação da visão à escuridão, ao facto dos olhos se tornarem gradualmente mais sensíveis até à mínima quantidade de luz. Por isso, sugere também uma viagem interior de sentido épico, como se as imagens pudessem ter sido geradas por cada espectador ao fechar os olhos. Trata-se de um aprofundamento da corrente do cinema experimental iniciada e desenvolvida por Jordan Belson (1926-2011), cujos filmes abordavam a imagem em movimento enquanto música visual. Tirando partido de objetos comuns do quotidiano, compostos sobretudo por vidro ou por outros materiais transparentes, Gehman produz sequências surpreendentes de imagens animadas que são sublinhadas pelas paisagens musicais compostas por Graham Stewart. (MM)