Nascido no Paquistão, Basir Mahmood recolheu as memórias de atores, figurantes, escritores, realizadores e outras figuras associadas à indústria cinematográfica de Lahore, a sua cidade natal. Ainda que, antes de 1977, esta cidade tenha acolhido uma das maiores indústrias cinematográficas do mundo, nos anos seguintes entrou em declínio total ao focar-se apenas na criatividade banal, na decadência intelectual e na irrelevância popular, marcando assim o seu fim. As memórias desse tempo dourado foram reencenadas em “All Voices Are Mine”, resultando num exercício de tensão entre duas realidades temporais distintas entre si. A câmara observa agora a evocação de uma memória, e posteriormente o processo do seu esquecimento, ao mesmo tempo que testemunha uma recriação que no fim acaba por ser subsumida na narrativa daquele que não dá seguimento à reconstrução desse tempo, o realizador. Esta é a estreia no Curtas Vila do Conde de Mahmood, que tem dividido a sua criação entre o cinema e as artes visuais, tendo já exposto obras em diversos museus e centros de arte contemporânea internacionais. (PD)