À noite, no Museu do Louvre, as obras de arte ganham vida quando as portas se fecham e os últimos visitantes saem. Uma escultura de uma jovem decide sair do museu e confrontar-se com a complexidade e as contradições do mundo real, onde manifestações de protesto nas ruas de Paris e a violência policial despertam na estátua uma consciência política, partilhando com a personagem de Diamantino, do filme anterior do realizador, uma ingenuidade que é posta à prova perante contextos políticos da atualidade. Combinando animação com imagem real, Gabriel Abrantes encontra o elo perdido entre os filmes da Pixar ou da Disney e o cinema experimental, demonstrando a sua admiração e respeito por ambos. Dessa forma, concilia entretenimento com uma visão sobre o espírito do nosso tempo, onde a mensagem política surge da inversão das fórmulas e dos códigos do cinema e da experiência com as formas. Gabriel Abrantes é presença regular no Curtas desde 2009, onde já foi premiado com “Fratelli” (2011, Menção Especial do Júri), “A Brief History Of Princess X” (2016, prémio Melhor Realizador) e “Os Humores Artificiais” (2017, prémio Melhor Realizador). Em 2018, a longa-metragem “Diamantino” foi o filme de abertura do Curtas. (MD)