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A distância entre vários pontos

Published —

20
July
2017
A distância entre vários pontos
O texto seguinte foi produzido por um dos participantes do 2.º Workshop Crítica de Cinema realizado durante o 25.º Curtas Vila do Conde - Festival Internacional de Cinema. Este Workshop é formado por um conjunto de masterclasses e debates com convidados internacionais e pela produção de textos críticos sobre os filmes exibidos durante o festival, que serão publicados, periodicamente, na página do PÚBLICO e no blogue do Curtas Vila do Conde.

Por Gisela Leal

João Pedro Rodrigues regressa ao Curtas Vila do Conde para vencer a competição nacional com um trabalho resultante de um convite lançado pelo Centre Pompidou, a propósito da retrospetiva que lhe dedicou no ano passado: Où en êtes-vous, João Pedro Rodrigues? (2016).

A João Pedro Rodrigues interessa a procura de uma distância justa no plano. Uma distância que respeite o olhar, o modo como nos olhamos e, no caso, como o autor olha para si próprio e como aprendeu a fazê-lo através dos seus filmes. Neste filme, a justeza dessa distância torna-se mais complexa, tratando-se daquela que decorre entre o autor e a sua própria representação. Espaço de dupla subjetividade, tendo em conta que o trabalho sobre essa tensão entre distâncias, que é também estrutural no cinema (o modo como se escolhem e relacionam os planos) é aqui transportado para o nível da intimidade, o da autoexposição declarada.

Partir para o autorretrato num autor cujo cinema é já em grande medida autorreferencial poderia facilmente resultar num exercício redundante, mas aqui estamos perante um retrato polissémico, onde camadas de sentidos se interlaçam para desenhar uma reflexão sobre os modos de filmar, sobre a vida e sua representação. Para responder ao desafio de mostrar onde está, Rodrigues vagueia entre memórias e metáforas para a representação de processos, sentimentos e procuras, seguindo uma linha cronológica, que é a da sua vida e a dos seus filmes, atravessando a sua filmografia, do já longínquo Parabéns! (1997) até ao recente O Ornitólogo (2016).

Não lhe interessa olhar para trás, mas a consciência de ser necessário mostrar um pouco de cada passo dado para chegar aonde está no momento, revela-se de forma comprometida e, ao mesmo tempo, prosaica: o realizador despe-se perante a câmara. Mas a João Pedro Rodrigues parece interessar a ideia de mistério em cinema, em cada filme, onde nem tudo se revela, e ao espectador é deixado um espaço pessoal e livre de interpretação. Em Où êtes-vous João Pedro Rodrigues?, o autor mantém essa orientação. O que eleva o filme a uma zona quase transcendental de relacionamentos – a do autor com o cinema e consigo mesmo, e a do espectador com o seu filme, com as leituras possíveis da sua autobiografia e com o próprio cinema e modos de olhar a representação dos universos, pessoais e interpessoais, internos e externos

O realizador recorre a dois textos – Walden, de Henry David Thoreau, e The Birthmark, de Nathaniel Hawthorne, ambos do século XIX. Enquanto em Hawthorne se fala de transformação e morte, remetendo também para as questões de género, tema igualmente recorrente em Rodrigues, Thoreau é um dos expoentes do transcendentalismo, e Walden a sua obra mais exemplificativa, baseada no autoisolamento do autor criado com o intuito de provocar um processo de autorreferenciação e desenvolvimento humano, assente na relação mais básica com as suas próprias ferramentas de sobrevivência em contacto direto com a natureza. É como se, tal como a imersão de Thoreau na natureza para melhor se compreender a si e ao mundo, JPR imergisse no universo dos seus filmes para se compreender e, em seguida, mostrar.

Será no modo como João Pedro Rodrigues considera que os seus filmes se ligam, nessa zona de mistérios, que assenta também a construção deste autorretrato. Se cada objeto fílmico é já em si mesmo um espelho de um universo particular de um autor – e daí talvez a dificuldade que o próprio tem em falar sobre o filme, está lá tudo o que e como queria dizer – cabe-nos a nós, público, percorrermos a partir de nós, das nossas referências, o caminho pela vida e obra do realizador. Sem esquecer que se trata de uma curta, e que a viagem continua. 

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